sábado, 10 de maio de 2014

Displasia Coxofemural

A displasia coxofemoral (DCF) é uma afecção ortopédica comumente dolorosa, caracterizada pelo desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral com conseqüente deterioração das estruturas articulares. O principal objetivo das terapias é minimizar a dor, prevenir a progressão da doença articular degenerativa e manter ou restaurar a função normal da articulação. Uma grande variedade de opções terapêuticas clínicas ou cirúrgicas é descrita, entretanto, nenhuma é considerada ideal, pois nenhuma delas é capaz de transformar uma articulação displásica em uma fisiologicamente normal. A acupuntura, por sua vez, tem como principal objetivo eliminar os sintomas (dor) apresentados pelos cães clinicamente acometidos, melhorando a locomoção e, consequentemente, a qualidade de vida. Além disso, o animal tratado com acupuntura apresenta menores problemas no pós-operatório.
Do ponto de vista da MTC, as causas dessas alterações são classificadas em:
- Síndrome bi óssea (congênita ou adquirida)
- Deficiência de yin do Rim e do Fígado (congênita)

Caso Susy

Susy é uma cadela idosa, com aproximadamente 16 anos, que tem displasia coxofemural em grau avançado no membro posterior esquerdo. Apresentava claudicação e taquipnéia (respiração acelerada) associada à dor. Foi estabelecido sessões semanais com eletroacupuntura. Após a segunda sessão, Susy já apresentava ritmo respiratório normalizado, diminuição da claudicação e mais facilidade para se levantar. Para manter e até melhorar esses resultados, a acupuntura terá que se realizar pelo resto da vida do animal. Uma alternativa para casos assim é o implante de ouro em pontos de acupuntura. Entretanto deve-se avaliar a viabilidade de uma intervenção cirúrgica para aplicação desta técnica.

                                          Susy durante uma sessão com eletroacupuntura

sábado, 12 de abril de 2014

Acupuntura no Tratamento da Epilepsia

Na MTC relaciona-se o que se vê na natureza com os sinais clínicos. Desta forma, um animal convulsionando parece muito com o efeito do vento em uma árvore, daí relacionar a convulsão com o vento, porém as convulsões epilépticas são muito mais complexas e necessitam de exame e diagnóstico mais apurados. As causas dessas alterações são classificadas em:
- Deficiência de sangue no fígado
- Deficiência de yin do rim e do fígado
- Fleuma obstruindo a mente (geralmente em casos de tumores)
O tratamento básico consiste em retirar o vento, desobstruir a mente e tonificar o yin. Convém lembrar que mesmo em casos em que os resultados são muito bons, com redução e até retirada dos fármacos usados para o controle das convulsões, deve-se informar o proprietário da possibilidade de recidivas. O objetivo é manter uma mínima dosagem de fármacos durante o maior tempo possível, mantendo-se o animal sem muitas alterações clínicas e evitando principalmente os efeitos tóxicos dos anticonvulsivantes.
(Fonte: LOBO JUNIOR, 2012)

Caso Catarina

Catarina é uma gata de aproximadamente 5 anos. Foi encontrada ainda filhote, atropelada e com edema no crânio. Ficou internada vários dias até que recebeu alta e passou a viver com a pessoa que a resgatou. Catarina é uma gata calma e tem uma vida normal, mas o acidente deixou uma sequela permanente: crises convulsivas frequentes. Devido a isso, passou a tomar um anti-convulsivante prescrito pelo veterinário diariamente, porém tem crises esporádicas mesmo tomando o medicamento na dosagem recomendada. Para o tratamento holístico dela foi utilizada acupuntura semanal e homeopatia. Após 3 meses de tratamento, a proprietária relatou cessação das crises convulsivas e atualmente a gatinha não faz mais uso de medicação alopática.
Catarina durante uma sessão de acupuntura

domingo, 14 de outubro de 2012

Doença do Disco Intervertebral

          Disco intervertebral é um disco de cartilagem fibrosa presente entre os corpos das vértebras, nas articulações intervertebrais. Tem como função principal a absorção de impacto, bem como permitir movimentos em diferentes eixos de rotação. A doença do disco intervertebral é comumente observada na prática clínica de pequenos animais. A sintomatologia é bastante variável, pois depende do local afetado e da severidade da doença.  O paciente grau I, por exemplo, apresenta apenas dor nas costas, enquanto que o paciente grau 4 tem paralisia, dor severa e alguns animais não controlam a defecação e função da bexiga. 
          A acupuntura  pode ser utilizada para analgesia, normalizar a função motora e sensorial e distúrbios de controle voluntário da micção. De acordo com a MTC, o principal meridiano relacionado com as estruturas ósseas e a medula espinhal é o Rim. Os sintomas de dor, sensibilidade ou parestesia correspondem a uma obstrução de energia no meridianos. Os objetivos terapêuticos basicamente consistem em restabelecer o fluxo de energia pelos canais acometidos (meridiano da Bexiga e Vaso Governador), fortalecer o sistema muscular (meridiano do Fígado e Baço-Pâncreas) e tonificar o meridiano do Rim. Os resultados e o prognóstico são inversamente proporcionais à gravidade das lesões. Resultados podem ser observados a partir de uma semana a seis meses dependendo do grau da lesão. Quadros agudos dos graus I e II respondem melhor do que casos crônicos e a remissão dos sinais é mais rápida quando o intervalo entre os tratamentos é pequeno.
Caso Tween
No dia 31/05/12 fiz a primeira consulta do cão Tween, um Lhasa Apso de 12 anos com diminuição dos espaços intervertebrais entre C2- C3, T13 - L1, L3 – L4, L4 – L5, L5 – L6. Tween também apresentava um tumor no testículo, otite e muito tártaro nos dentes. Todos sinais de comprometimento do meridiano do Rim. Estava tomando remédio para dor (cloridrato de tramadol), mas mesmo assim andava com dificuldade, por vezes arrastava os membros posteriores e demonstrava muita dor.

Iniciou tratamento com acupuntura duas vezes por semana e fisioterapia. Após 5 semanas, fiz esse vídeo com Tween andando pela casa sem demonstrar o desconforto dos primeiros dias.

Como é normal ocorrer, quando o animal sente a melhora acha que pode fazer tudo que fazia antes da doença e foi em uma dessas "travessuras" que o  pobre cachorrinho voltou a sentir os malefícios da doença do disco intervertebral (dor intensa, paresia dos membros posteriores). Prosseguimos com o tratamento, mas dessa vez apenas uma vez por semana. Inclui mudanças na dieta (dietoterapia) e adicionei medicamento homeopático ao tratamento, e assim, após cerca de 2 meses Tween voltou a andar... e melhor do que antes do incidente! O tumor no testículo foi retirado através de cirurgia com pós-operatório satisfatório. A proprietária relata melhora visível no aspecto do cachorro: "Até o hálito dele está melhor e os dentes mais brancos.", comenta Rosângela, proprietária do Tween.




Dica: Acupuntura em Emergência


          O ponto VG26 (ponto 26 do meridiano de acupuntura denominado Vaso Governador) é o ponto de emergência mais utilizado em Acupuntura. Ele está localizado no meio do focinho do animal, na linha imaginária que liga a extremidade inferior das narinas.
          As suas principais indicações incluem choque, colapso, parada respiratória e cardiovascular, ataque epiléptico agudo, síncope, dor traumática aguda. Não substitua a conduta usual nessas situações, apenas associe o ponto e analise os resultados!
Localização anatômica do ponto VG16 (vermelho)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Acupuntura para pacientes oncológicos


      O número de diagnósticos de casos de câncer em animais de estimação tem aumentado a cada ano. Este aumento é devido à vários fatores, mas em parte está relacionado ao fato dos animais estarem vivendo mais tempo.
       Não, a acupuntura não cura câncer. Mas pode ajudar, e muito, como terapia auxiliar no tratamento de sintomas da doença. Atua reduzindo ou eliminando quadros de insônia, ansiedade, fadiga, depressão e falta de apetite. Também é usada com sucesso no alívio de sintomas provocados pela quimioterapia e radioterapia, entre eles as náuseas, vômitos, dores articulares e inapetência. No pós-operatório, seu uso permite a redução das dores e a diminuição da medicação analgésica.
    Estudos indicam que a prática de acupuntura, aliada principalmente à fitoterapia chinesa, homeopatia, nutrição e uso de AINES reduzem o crescimento tumoral; portanto, a MTC é uma grande alternativa nos casos de tumores, e também em casos onde a metástase já se instalou no organismo do animal.
   Tratar um paciente que possui câncer com MTC proporciona ao clínico veterinário um diferencial, pois nota-se uma melhora no quadro geral do animal. É ir além do tradicional “ato cirúrgico seguido de quimioterapia”, que é prática comum da medicina ocidental. Além disso, há limitações na doença avançada.
     A Medicina Tradicional Chinesa mostra-se uma terapia bem menos invasiva e a mais natural abordagem para alcançar saúde, longevidade e melhor qualidade de vida.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Qualidade de vida na terceira idade

          
          Se cães de pequeno porte viviam entre 10 e 12 anos, em média, hoje ultrapassam os 15. Já com os cachorros maiores, antes com vida útil entre 6 e 7 anos, chegam com mais frequência aos 13. Com os gatos, a idade média varia entre 15 e 18 anos. Nossos animais estão vivendo mais graças a uma série de evoluções, como desenvolvimento de rações de melhor qualidade e aperfeiçoamento de métodos de diagnóstico precoce de doenças. Em compensação, nossos amigos idosos requerem mais cuidados com a sua saúde, pois assim como nós, na "terceira idade" eles ficam mais frágeis e suscetíveis a doenças como artroses, calcificações vertebrais, cardiopatias, tumores, problemas geniturinários dentre outros. O sistema imunológico já não funciona tão bem quanto nos adultos, deixando o animal vulnerável às infecções. O animal fica mais lento e pode ser que não veja e não ouça tão bem. A flexibilidade, força e resistência muscular também ficam alteradas.
          Visando minimizar as limitações do paciente geriátrico, a acupuntura entra nesse contexto possibilitando diminuição da dor de pacientes com neuropatias, artroses e pacientes oncológicos. Estimula o sistema imune, trata incontinência urinária, melhora a circulação sanguínea, fortalece músculos e tendões. A acupuntura associada com o tratamento alopático pode levar a diminuição das doses de alguns medicamentos, como analgésicos e antiiflamatórios, à medida que o clínico observa a melhora dos sintomas. Além disso, contribui com um intenso relaxamento e redução do estresse e depressão. O objetivo principal do tratamento desses animais com acupuntura é a melhora da qualidade de vida.
          Cães idosos têm necessidades especiais, e cabe a você ajudá-lo a se tornar mais confortável nesta fase.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Doenças na Medicina Tradicional Chinesa

          Ainda que a medicina ocidental reconheça apenas os vírus e bactérias como agentes patogênicos externos, os chineses observaram que o corpo reflete as condições climáticas. Dessa forma, eles admitem a existência dos seguintes fatores patogênicos: Frio, Vento, Umidade, Secura e Calor. Apesar de um diagnóstico de "vento e frio invadindo os pulmões" possa soar primitivo, esse tipo de diagnóstico descreve precisamente a maneira como um certo tipo de fator patogênico se comporta dentro do organismo. Os sintomas do vento, por exemplo, agem exatamente como o vento na natureza:  eles vêm e vão, geralmente sem aviso prévio. É o que acontece em casos de dores que mudam de lugar. O vento causa movimento, portanto ele geralmente está envolvido onde existem sintomas de convulsões, espasmos ou tremores. 
          Da mesma forma, os sintomas do frio agem como na natureza: eles causam contrações, desaceleram as funções e dão a sensação de frio. O alto grau de eficácia no tratamento desse tipo de desordem (como com ervas e pontos que "repelem o vento e dissipam o frio") é a prova de que o diagnóstico é muito mais do que uma mera idéia filosófica. Apesar da medicina ocidental conseguir isolar o vírus que causa essa condição, ela ainda não tem uma maneira segura e eficaz de tratar do vírus, a não ser aliviando alguns dos sintomas que ele causa. Por outro lado, milhares de anos de tentativas e erros através da observação da natureza e do corpo humano levaram a inúmeros tratamentos eficazes na medicina chinesa para as infecções virais que se encaixam nesse padrão.